Brasília, 17 out (Xinhua) -- O presidente brasileiro, Michel Temer, afirmou na segunda-feira em uma carta aos deputados e senadores que é "vítima de uma conspiração para me derrubar" em referência à denúncia por tentativa de obstrução de Justiça e associação criminosa apresentada pela Procuraroria-Geral da República.
A carta foi encaminhada a 450 parlamentares após um final de semana tenso, causado pela divulgação no site da Câmara de vídeos da delação premiada de Lúcio Funaro, responsável pelas operações financeiras escusas do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), que governa o Brasil.
Nos vídeos, Funaro afirmou que Temer ficava com um ponto percentual das propinas repassadas ao ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha.
O advogado de Temer, Eduardo Carnelós, chegou a definir a divulgação de "vazamento criminoso", o que provocou a indignação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, um aliado que vem se distanciando do mandatário nos últimos dias.
Na carta, Temer diz que se trata de "um desabafo, uma explicação para aqueles que me conhecem e sabem de mim, assim como para prestar contas aos quais democraticamente convivem comigo".
"Para mim é inadmissível, não posso silenciar, não devo silenciar, estou sendo vítima desde maio de torpezas e vilezas que pouco a pouco e, agora, mais rapidamente, vieram à luz. Jamais poderia acreditar que houvesse uma conspiração para me derrubar da Presidência da República. Mas os fatos me convenceram. E são incontestáveis."
Em relação à delação de Funaro, a quem taxa de "delinquente conhecido de varias delações premiadas não cumpridas", Temer assegura que é parte de "uma campanha implacável com ataques torpes e mentirosos, que visam elamear meu nome e prejudicar a República."
Em outro trecho da carta de quatro páginas, o presidene cita números da recuperação da economia. "É preciso restabelecer a verdade dos fatos. Foi a iniciativa do governo, somada ao apoio decisivo da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, que possibilitou a retomada do crescimento no país."
E conclui a mensagem como um apelo à "pacificação". "Em toda a minha trajetória política, a minha pregação foi a de juntar os brasileiros, promover a pacificação, de conversar, de dialogar. Não acredito na tese do 'nós contra eles'. Acredito na união dos brasileiros. Na certeza de que a verdade dos fatos será reposta, agradeço a sua atenção."
