Justiça brasileira aceita denúncia contra deputado filmado recebendo mala com R$ 500 mil

Brasília, 12 dez (Xinhua) -- A Justiça Federal Brasileira Distrito Federal recebeu nesta segunda-feira a denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), pelo crime de corrupção passiva.

O ex-parlamentar foi preso em maio passado depois de ter sido filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil (US$ 155 mil) em dinheiro, em um restaurante em São Paulo, das mãos de um executivo do grupo empresarial J&F/JBS.

Segundo a PGR, Rocha Loures era o operador do presidente Michel Temer para assuntos relacionados com o grupo empresarial.

A denúncia contra o ex-deputado foi aceita pelo juiz Jaime Travassos Sarinho, da 10ª Vara Federal, responsável pelo processo na primeira instância. A acusação contra Temer neste caso foi suspensa por decisão da Câmara dos Deputados e só voltará a tramitar depois do final do mandado do presidente, em 31 de dezembro de 2018.

No mês passado, o advogado de Rocha Loures pediu à Justiça Federal que suspendesse a apreciação da denúncia porque havia um recurso perante a Suprema Corte contra o desmembramento dos processo.

Segundo a defesa, Temer e Loures são investigados a partir da mesma denúncia e, portanto, deveriam ser julgados em conjunto, o que empurraria a análise do caso para 2019.

No entanto, na decisão proferida de segunda-feira, o juiz Sarinho negou o pedido afirmando que "cada réu responderá exclusivamente pelo que lhe foi imputado no processo específico e com as provas que constam nele".

As duas denúncias contra o presidente da República baseadas na delação premiada dos executivos da J&F/JBS foram apresentadas em maio e agosto pelo então Procurador Geral, Rodrigo Janot, mas ambas foram rejeitadas pela Câmara.

Segundo Janot, o conteúdo da mala recebida por Rocha Loures teria como destinatário Temer, embora o dinheiro tenha sido recuperado pelos investigadores do caso.