Entrevista: Chefe de exportação do Brasil elogia abertura da China, de olho no mercado chinês

2018-07-23 16:26:24丨portuguese.xinhuanet.com

Brasília, 21 jul (Xinhua) -- A reforma e a abertura da China ao longo das últimas quatro décadas foram "extremamente bem-sucedidas", disse o presidente da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).

"O processo, iniciado em 1978, foi fundamental para a modernização comercial, econômica e industrial da China. Em 40 anos, deu origem a uma economia forte e a maior trader do mundo", disse à Xinhua Roberto Jaguaribe, também ex-embaixador do Brasil na China.

Em outras grandes economias, o comércio internacional representa uma pequena porção do produto interno bruto, mas não na China, graças às suas políticas, afirmou.

Jaguaribe também elogiou a iniciativa recém-anunciada da China de incentivar mais exportações para a China por seus parceiros comerciais, dizendo que a iniciativa é duplamente importante, já que o comércio mundial está passando por um período difícil devido ao ressurgimento do protecionismo e à ameaça de uma guerra comercial.

"A tendência protecionista é mais forte do que há 20 anos. É uma questão que exige vigilância. Uma guerra comercial não tem vencedores", afirmou.

Em 2009, a China tornou-se o maior parceiro comercial do Brasil. Também tem sido um importante investidor em diferentes setores no Brasil, incluindo energia, minério e alimentos. O comércio entre os dois países tem muito espaço para crescer, com a agricultura e a alimentação sendo os setores mais óbvios.

"A demanda por alimentos vai aumentar e o Brasil é o melhor país do mundo para satisfazer essa demanda", disse Jaguaribe.

A Apex-Brasil planeja enviar uma delegação para a primeira Expo Internacional de Importações da China em Xangai, em novembro, para apresentar novos produtos brasileiros.

"Existem vários produtos industriais e comestíveis, incluindo alimentos pouco conhecidos na China, como frutas brasileiras, açaí e cupuaçu, que têm forte potencial para penetrar no mercado asiático", disse Jaguaribe.

O cupuaçu, ao lado do cacaueiro produtor de chocolate, é frequentemente chamado de superfruta amazônica, por ser rica em vitamina E.

"Também estamos criando uma linha de comércio eletrônico para produtos de consumo imediato. O Brasil quer fazer parceria com empresas chinesas de comércio eletrônico", disse Jaguaribe. "Nós começamos uma parceria com o Alibaba e estamos procurando por outras empresas chinesas no mesmo setor."

Para facilitar a entrada das empresas brasileiras no mercado chinês, a Apex-Brasil está contratando empresas locais com insights sobre o mercado consumidor local.

"A China (...) tem um mercado extraordinário. Se uma empresa quiser ser um player global, ela precisa ir para a China. O papel da Apex é facilitar esses empreendimentos", disse o especialista em comércio.

Dada a "grande solidez" dos laços China-Brasil, Jaguaribe não espera que o resultado das eleições presidenciais do Brasil em outubro afete as relações bilaterais.

"Os laços China-Brasil são permanentes. Ambos são grandes países em desenvolvimento, com numerosos interesses comuns e recíprocos. Eu vejo uma tendência natural e necessária [para o crescimento] em todos os aspectos do relacionamento", disse ele. "A base comum é um mundo governado por regras estáveis, por medidas multilaterais. Compartilhamos esse alicerce."

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